A Arte da Edição: Como Minha Identidade Fotográfica Foi Sendo Construída ao Longo dos Anos

A fotografia sempre foi, para mim, muito mais do que apenas apertar o botão da câmera. Desde o início da minha trajetória, entendi que a edição não era um simples ajuste de cores, mas sim uma extensão da composição, uma forma de complementar a emoção capturada no momento. Foram anos de estudo, experimentação e refinamento, além de um profundo processo de autoanálise, para construir uma identidade que fosse não apenas técnica, mas também pessoal e significativa.

Tons Naturais e um Toque de Nostalgia

Minha preocupação sempre foi manter os tons naturais da pele e do ambiente, respeitando a luz e a atmosfera real do momento. Mas, ao mesmo tempo, busco trazer uma camada sutil de nostalgia. Os tons quentes e terrosos que marcam minha edição vêm das minhas raízes. Morei por 23 anos na minha cidade natal, em uma região conhecida como "terra vermelha". Passei a infância cercada pela natureza, onde a paleta de cores quentes sempre esteve presente no meu dia a dia. Esse vínculo afetivo se reflete nas minhas fotografias, trazendo um tom acolhedor e autêntico para cada imagem. Um leve grão de filme, um equilíbrio de sombras e altas luzes que transportam para aquele instante e ativam memórias de forma sensorial. Para mim, a edição não é sobre transformar, e sim sobre revelar a essência do que já está ali.

A cor nos diz muito, ela faz parte da composição, da vida e nos entrega tudo como realmente foi. As cores escolhidas nas roupas, nas flores, na decoração, na maquiagem – cada detalhe conta uma história e imprime a identidade de cada momento. Mas a fotografia em preto e branco, sem a interferência – e distração – das cores, nos revela e realça ainda mais as luzes, a composição e as emoções das pessoas. É como se prestássemos mais atenção, mergulhando na profundidade do instante registrado.

Duas Galerias, Duas Experiências

Cada detalhe da edição é pensado com cuidado. Por isso, ao final, meus clientes recebem duas galerias distintas:

1. A versão colorida, onde minha paleta cuidadosamente desenvolvida realça os tons,  mantendo a naturalidade e, ao mesmo tempo, trazendo aquele ar atemporal. 

2. A versão em preto e branco, que não é simplesmente um filtro aplicado. Cada imagem é refinada individualmente para garantir que os contrastes e texturas contemplem a profundidade emocional do momento.

Essa abordagem permite que cada casal, cada família, tenha a liberdade de reviver suas memórias de duas formas distintas, ambas carregadas de intenção e significado.

A fotografia não é apenas sobre ver, mas sobre sentir. E a edição faz parte desse processo, guiando o olhar e a emoção de quem revisita essas imagens ao longo dos anos.